Vice-prefeita de Florianópolis permanece em Israel após ataques: “Estamos seguros e sendo bem cuidados”
Em entrevista ao Jornal da Guarujá, Maryanne Mattos detalha rotina sob alertas de segurança, explica sua decisão de permanecer no país e destaca aprendizados da missão oficial

A vice-prefeita de Florianópolis, Maryanne Mattos (PL), segue em Israel mesmo após parte dos integrantes da comitiva brasileira no país decidir deixar a região e seguir para a Jordânia, após a escalada da tensão envolvendo ataques entre Israel e Irã. Ela está acompanhada do secretário de Segurança Pública de Joinville, Paulo Rogério Rigo, e de outros quatro brasileiros. O grupo desembarcou no país no dia 9 de junho e a previsão de retorno é na sexta-feira (20).
Em entrevista ao Jornal da Guarujá na manhã desta terça-feira (17), Maryanne relatou estar na cidade de Kfar Saba, a cerca de 26 km de Tel Aviv, e garantiu que, apesar dos riscos, a situação está sob controle. “Viemos numa comitiva a convite do governo de Israel, vários prefeitos, vice-prefeitos e secretários, para uma viagem de estudos sobre tecnologia, sobre gestão de cidades, voltado para municípios, e também para participar de uma feira internacional. Essa feira, infelizmente, foi suspensa em função dessas questões que ninguém estava esperando”, explicou.
Questionada sobre os alertas de segurança, ela relatou que os bombardeios ainda não afetaram diretamente a região onde está. “Aqui na cidade que estou, se eu sair na rua agora, está um dia de sol lindo, não tem nada que foi atingido por míssil. As pessoas continuam tocando as suas vidas, supermercados, serviços essenciais estão abertos”, relatou. Apesar disso, a rotina passou a incluir precauções constantes: “Todos os prédios têm um bunker, que é essa sala segura, extremamente blindada e reforçada. Se tiver o alerta de míssil, todos têm que se direcionar para o bunker de forma tranquila”.
Ela também destacou a organização israelense frente às ameaças. “Eles têm um cuidado muito grande. Se a pessoa não escutar o alarme, a TV aqui mostra no canto da tela as regiões que estão com alerta. É tudo muito bem estruturado”.
“O sentimento aqui é de esperança”
Maryanne disse que, apesar do momento delicado, tem observado entre a população local um desejo por liberdade e paz. “Eles estão com uma esperança tão grande de os povos poderem ser livres. Tá tendo uma movimentação muito grande dos palestinos na Faixa de Gaza pedindo para que acabe com o Hamas. E várias comunidades estão festejando porque agora eles vão estar livres”, disse.
Ela relatou ainda que a inteligência militar israelense tem alertado previamente a população antes de ataques. “Eles mandaram as pessoas saírem das regiões onde teria ataque. Eles não querem matar civis. Todos saem, saem felizes, sabendo que estão sendo protegidos”.
Por que permanecer em Israel?
Sobre a decisão de permanecer no país enquanto outros brasileiros optaram por sair, a vice-prefeita explicou que seguiu a orientação das autoridades locais. “Eles disseram: aqui é o local mais seguro para vocês ficarem neste momento, não façam viagem por terra. Eu sou da segurança, eu não vou arriscar não seguir a ordem deles, porque eles estão responsáveis pela nossa segurança”.
Maryanne também rebateu críticas recebidas nas redes sociais sobre a viagem. “Fizeram comentários dizendo que estamos fazendo turismo com dinheiro público. A passagem e a estadia foram custeadas pelo governo de Israel. A prefeitura de Florianópolis arcou com cinco diárias, por uma questão de segurança, já que estou fora do país. Não teve custo com passagem nem com hospedagem”, esclareceu.
Experiências e aprendizados
Mesmo com restrições às visitas externas, Maryanne afirmou que os conteúdos do curso têm sido mantidos. “Estamos tendo as aulas normais aqui no instituto. Nós tivemos a oportunidade de visitar três prefeituras, conhecer as salas de gerenciamento de crise, o monitoramento da cidade, do sistema de iluminação pública, do abastecimento de água, que aqui é feito com reuso e dessalinização”.
Ela também destacou a cultura local como inspiração para sua atuação em Florianópolis. “A cultura do voluntariado é algo que eu vou levar. As pessoas se voluntariam para trabalhar na prefeitura em diversas áreas. É uma cultura extremamente diferente. E a preocupação que eles têm com a educação de base é muito forte, para que a criança possa realizar seus sonhos sem limitações”.
Confira entrevista completa