Três anos sem ponte: comunidade de Brusque do Sul cobra respostas
Em entrevista, o prefeito Fernando Cruzetta explica as medidas adotadas para resolver pendências financeiras e acelerar o andamento da obra

Neste domingo, 4 de maio, completa-se exatos três anos desde que a ponte que ligava os dois lados da comunidade de Brusque do Sul, em Orleans, foi levada por uma forte enxurrada. Desde então, os moradores convivem com sérios transtornos de mobilidade e com a frustração de uma obra que até agora não foi concluída.
Em entrevista ao Jornal da Guarujá, a professora aposentada Judite Bússolo Alberton, que vive há 33 anos na comunidade, relatou os impactos diários que a ausência da ponte tem causado. “Quando a ponte existia, eu levava cinco minutos da minha casa até a escola onde eu trabalhava. Depois da enchente, passamos a fazer um desvio imenso, por Rio Novo, que levava mais de uma hora. Isso afetava não só a nossa rotina, mas principalmente a das crianças, que tinham que sair muito mais cedo de casa. Em dias de chuva, a situação piorava: a ponte baixa provisória era encoberta pela água e ficávamos completamente isolados. Muitas vezes, os pais perguntavam se haveria aula, e só conseguíamos dar essa resposta na madrugada, depois que o motorista verificava se era possível passar.”
Judite lembra que a dificuldade atingia todos os aspectos da vida comunitária. “As madeireiras dos dois lados da comunidade também sofreram. Os funcionários precisavam atravessar o Rio Laranjeiras por uma ponte de arame, e o patrão ia buscá-los de carro do outro lado. Além disso, festas da igreja e até missas precisaram ser canceladas. Não é só a escola, é toda a vida social e econômica da comunidade que está sendo afetada.”
Mesmo com o início das obras, os moradores relatam que o ritmo é extremamente lento. “Há poucos dias, me perguntaram se os trabalhos estavam andando. Eu disse: ‘A gente vê um carro da empresa lá embaixo, mas trabalhadores mesmo, não vemos’. É tudo muito devagar. Parece que estão empurrando com a barriga.”
Sobre o contato com o poder público, Judite afirma que, apesar da mobilização da comunidade, as respostas são escassas. “Nunca falei diretamente com o prefeito Fernando Cruzetta, mas também nunca ninguém da administração veio até mim ou até a igreja, onde atuo como liderança, para dar alguma previsão. As pessoas perguntam: ‘Quando a ponte vai ficar pronta?’. E eu não sei o que responder.”
Prefeito se manifesta
O prefeito Fernando Cruzetta também falou ao Jornal da Guarujá e explicou que, embora a ponte esteja há três anos inativa, sua gestão assumiu há apenas quatro meses, e desde então, vem trabalhando para resolver os entraves burocráticos e financeiros. “Já estivemos várias vezes em Florianópolis, na Defesa Civil, na Casa Civil e na Procuradoria Geral do Estado. Precisamos regularizar pendências na prestação de contas do convênio anterior. Inclusive, no dia 24 de março, assinamos um termo aditivo de R$ 221.800, referente a um pagamento feito fora da conta convênio. Agora, estamos aguardando a análise final para a liberação de uma nova parcela de R$ 1 milhão.”
Segundo o prefeito, o convênio total da obra é de R$ 4.745.300, dos quais R$ 3 milhões já foram pagos. Faltam ainda R$ 1.745.300 para a conclusão. “Estamos trabalhando com responsabilidade. Se não regularizássemos as contas, corríamos até o risco de ter que devolver o dinheiro já recebido. Agora, a expectativa é que a próxima parcela seja liberada e que a empresa retome de fato os trabalhos, com foco na concretagem e nas cabeceiras da ponte.”
Cruzetta afirma que, se tudo ocorrer como o planejado, a obra deve ser finalizada ainda em 2025. “Nosso objetivo é deixar a ponte utilizável o quanto antes. A comunidade de Brusque do Sul não pode mais esperar. Estamos preparados para finalizar essa obra e devolver dignidade ao povo dessa localidade.”
A liberação do convênio também permitirá o avanço da obra na ponte Menegasso, que faz parte do mesmo pacote de investimentos. “Tenho reunião marcada na Defesa Civil nesta segunda-feira. Espero voltar com boas notícias para a população.”
Enquanto a ponte definitiva não chega, a comunidade vive em estado de alerta a cada nova previsão de chuva, esperando, dia após dia, que a reconstrução saia finalmente do papel.
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