Vereador Nícola Martins afirma que seguirá buscando informações por meio da Lei de Acesso à Informação e critica articulação política do governo municipal

Um requerimento apresentado pelo vereador Nícola Martins (PL), que solicitava informações sobre a contratação do show da banda Raça Negra, foi rejeitado pela maioria dos vereadores na sessão desta segunda-feira (30) na Câmara de Criciúma. A apresentação está prevista para o dia 4 de novembro, feriado municipal em comemoração ao centenário da cidade, e será realizada no Parque das Nações Cincinato Naspolini, com entrada gratuita ao público.

Durante entrevista ao Jornal da Guarujá, o vereador lamentou a decisão da Casa Legislativa. “A gente faz o requerimento pedindo informações básicas sobre um show. Pode ser feita a dispensa de licitação por ser um artista de renome, mas eu quero entender os critérios utilizados”, declarou.

Segundo Nícola, a prefeitura anunciou que o valor do contrato será de R$ 550 mil, via dispensa de licitação, com patrocínio da Caixa Econômica Federal. No entanto, ele questiona os detalhes da operação. “Desses R$ 550 mil, quanto realmente virá da Caixa? Esse valor é só para o show do Raça Negra ou inclui estrutura, shows anteriores e posteriores? A prefeitura vai entrar com mais recursos? Vai haver outros patrocinadores?”

Mesmo sem respostas e com o requerimento rejeitado, o vereador disse que seguirá buscando os dados por outros meios. “Na segunda-feira à noite, logo após a sessão, entrei no site da prefeitura e protocolei o pedido com base na Lei de Acesso à Informação. A prefeitura vai ter que me passar de qualquer forma”, afirmou. Caso não haja resposta, Nícola informou que recorrerá ao Ministério Público. “A Lei de Acesso à Informação, ela é muito clara, é uma lei nacional e a Prefeitura tem que dar essa informação em 20 dias, prorrogáveis por mais 20.”

Vereador critica articulação do Executivo e clima político na Câmara

O vereador também manifestou surpresa com a rejeição de seu pedido. “Fiquei surpreso. É uma situação, pra mim, inédita e principalmente por ser um requerimento muito simples, muito fácil de responder. Sei de pessoas de dentro do governo que já disseram que pegou mal lá dentro. Vereadores que votaram contra se sentiram mal depois. Mas faz parte, é do jogo político. Negaram, agora aguenta.”

Para ele, a recusa do requerimento partiu de uma orientação direta do Executivo. “Eu não tenho a menor dúvida que foi uma orientação do Executivo, do secretário-geral Tita Belloli, que inclusive está numa situação complicada. E aí ele tá dando cada orientação para a base do governo que coloca a base do governo em situações bastante constrangedoras.”

Nícola avaliou que há um crescente desconforto entre a base do prefeito. “A lua de mel do governo Vaguinho, que normalmente é de seis meses, está acabando. O governo que está aí é um governo totalmente diferente do governo anterior. O vereador também citou um episódio recente envolvendo a sanção da lei do retrofit para exemplificar o que chama de “falta de articulação política” da atual gestão. “Ontem, por exemplo, na sanção da lei do retrofit — que é uma pauta que eu abracei, trabalhei, construí — muitas pessoas vieram dizer pra mim que foi desrespeitoso e ficou feio pro governo não fazer a devida consideração a minha pessoa. São pequenas atitudes que vão se tornando uma bola de neve. O governo que está aí é totalmente diferente do anterior. O prefeito Salvaro, por exemplo, fazia questão de valorizar até mesmo deputado do PT que mandava recurso pra Criciúma. Porque ele sabia que política se faz dessa forma.”

Compromisso com o PL e eleições de 2026

Ao ser questionado sobre uma possível candidatura a deputado estadual nas próximas eleições, o vereador afirmou que seu foco está em apoiar o projeto do partido. “Eu quero ajudar o PL a reeleger o governador Jorginho Mello. Essa é a minha missão principal nesse momento. A gente precisa mostrar o quanto o governador Jorginho Mello tem feito para Santa Catarina e principalmente para o sul do Estado. E aqui em Criciúma a gente tem dois bons deputados, o deputado estadual Jessé Lopes e o deputado federal Daniel Freitas, que me ajudaram muito e eu tenho gratidão e, palavra e gratidão é uma coisa que a gente tem que levar pra frente.”

Confira entrevista completa