Polêmica na Câmara de Orleans: projetos do Executivo rejeitados e vereadores não se manifestam
Sessão marcada por ampla discussão rejeita projetos estratégicos para a administração municipal por 6 a 5

A 33ª sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Orleans, realizada nesta segunda-feira (8), foi marcada por debates acalorados, galerias lotadas e um resultado inédito no atual mandato: pela primeira vez, o prefeito Fernando Cruzetta (PP) viu dois projetos de lei de autoria do Executivo serem rejeitados pelo plenário.
Por 6 votos a 5, foram derrubados o Projeto de Lei Complementar 14/2025, que tratava de uma reforma administrativa no Executivo municipal, e o Projeto de Lei Complementar 15/2025, que alterava denominação, atribuições e vencimentos de cargos da Fundação Ambiental Municipal (Famor).
A grande surpresa da noite foi a posição do vereador Murilo Hoffmann (Novo). Geralmente alinhado à base governista, ele votou contra as matérias ao lado da oposição. Na tribuna, o parlamentar afirmou ter consultado representantes do partido em nível estadual e disse ter identificado “inconsistências jurídicas e falta de clareza quanto aos impactos financeiros das mudanças”.
Além de Hoffmann, votaram contra os projetos os vereadores Marlise Zomer (PSDB), Pedro Orben (MDB), Dovagner Baschirotto (MDB), Maiara Dal Ponte Martins (MDB) e Mirele Debiase (PSDB). Cinco vereadores, Genaina Coan (PL), Joel Cavanholi (PL), Leandro Martins (PSD), Osvaldo Cruzetta (PP) e Josemar Sacom (PSD), da base governista votaram a favor, mas não foi suficiente para garantir a aprovação.
Defesa do governo
O secretário de Administração, Airton Bratti Coan, defendeu que as propostas buscavam corrigir falhas apontadas pelo Ministério Público e modernizar a estrutura do Executivo. Segundo ele, a criação das secretarias de Cultura, Turismo e Esporte estava entre os principais pontos da reforma.
“Não havia aumento de despesa, como foi sugerido por alguns vereadores. Pelo contrário, o projeto corrigia lacunas jurídicas e preparava Orleans para o futuro. A rejeição representa uma perda de oportunidade para o município”, afirmou o secretário.
O líder do governo na Câmara, vereador Osvaldo Cruzetta (PP), lamentou a decisão e disse que a população será prejudicada.
“Infelizmente, prevaleceu um discurso equivocado. Esses projetos não criavam cargos comissionados nem ampliavam gastos, mas organizavam a máquina pública para atender melhor a comunidade. Quem perde é o cidadão orleanense”.
Prefeito se manifesta
Após a sessão, o prefeito Fernando Cruzetta comentou que os projetos rejeitados eram estratégicos para a modernização da administração pública e para o desenvolvimento do município.
“Não me sinto derrotado, mas estou entristecido. Esses projetos eram fundamentais para dar mais eficiência à gestão e preparar Orleans para o futuro. Quem perde não sou eu, quem perde é a cidade de Orleans”.
O prefeito explicou que a reforma administrativa não aumentaria despesas, mas reorganizaria a estrutura de cargos comissionados e efetivos, criando secretarias estratégicas para áreas prioritárias como Cultura, Turismo e Esporte. Segundo Cruzetta, a medida traria mais efetividade ao serviço público e valorizaria os servidores.
Ele também comentou sobre a postura do vereador Murilo Hoffmann (Novo), que votou contra os projetos apesar de ser considerado alinhado à base do governo.
“Fiquei entristecido com a posição do vereador Murilo. Até então, ele votava conosco e se dizia independente, mas ontem votou contra os projetos. Acredito que, se tivesse se aprofundado na discussão, teria percebido que o Partido Novo em outros municípios já adotou medidas semelhantes e aprovadas, garantindo eficiência e efetividade no serviço público. É um voto que prejudica a cidade, e não ao Executivo”, afirmou Cruzetta.
“A rejeição atrasa investimentos e programas planejados, como a implantação do projeto IntegraTur, que vai integrar o turismo de Orleans com outros 12 municípios da região. Não deixaremos de trabalhar, mas poderíamos avançar de forma mais célere se a Câmara tivesse aprovado”, acrescentou
O prefeito confirmou que pretende reapresentar os projetos em 2026.
“Vou retomar essa proposta no início do próximo ano. É uma reforma necessária, ampla e estratégica. Nosso compromisso é com o desenvolvimento da cidade e com o bem-estar dos cidadãos, não com interesses políticos de curto prazo”.
Oposição não se manifestou
Procurados os vereadores que votaram contra, não quiseram se manifestar e rejeitaram o pedido de entrevista do Jornal da Guarujá. Entre eles estão Murilo Hoffmann, Dovagner Baschirotto, Maiara Dal Ponte Martins e Mirele Debiase.