Homens e autocuidado: psicóloga aponta cultura da “invulnerabilidade” como barreira para prevenção
No quadro “Mente em Sintonia”, Vanesa Bagio analisa resistências masculinas e alerta para riscos que vão além do câncer de próstata
No mês dedicado à prevenção do câncer de próstata, o Novembro Azul, o Jornal da Guarujá levou ao ar uma conversa com a psicóloga Vanesa Bagio sobre o comportamento masculino diante da própria saúde. Segundo ela, a dificuldade dos homens em buscar ajuda não é mero descuido: trata-se de um padrão cultural profundamente enraizado.
Vanesa explica que, historicamente, os homens foram ensinados a se mostrarem fortes e emocionalmente inabaláveis. “Eles aprenderam que não podem chorar, não podem demonstrar vulnerabilidade. Abrir sentimentos ainda é visto como fraqueza”, afirma. O resultado é um bloqueio que se manifesta tanto na saúde emocional quanto na física.
Durante a entrevista, foi lembrado que Santa Catarina, mesmo sendo um estado com alto nível educacional, possui pouquíssimos municípios com Rede Masculina de combate ao câncer. Para Bagio, isso evidencia o quanto o autocuidado masculino ainda é negligenciado. “Muitos só vão ao médico quando alguém os leva. Muitas vezes não sabem nem descrever seus próprios sintomas”, disse.
Ela reforçou que a resistência não se limita ao câncer de próstata. Há medos mais profundos: medo de diagnóstico, de descobrir uma limitação, de perder a posição de “provedor”, medo de procedimentos médicos e até fobia de jaleco branco ou agulhas. Esses fatores, diz a psicóloga, ajudam a explicar por que tantos homens adiam exames simples.
Vanesa destacou ainda que exames de detecção precoce evoluíram: além do toque retal, ainda cercado de preconceitos, hoje existem ultrassom e exames de sangue altamente eficazes. Mesmo assim, muitos insistem em evitar consultas. “Coragem não é ignorar sinais do corpo; é procurar ajuda”, reforça.
Uma ouvinte, Natália, relatou que o pai descobriu dois cânceres: de próstata e intestino, graças à insistência da mãe em manter exames em dia. Para a psicóloga, esse exemplo evidencia o papel decisivo das mulheres no incentivo ao cuidado masculino: “Elas insistem, marcam consultas, acompanham. Sem esse apoio, muitos não fariam nada.”
Bagio afirma que o aumento da procura masculina pela psicoterapia nos últimos meses é um avanço, mas o caminho ainda é longo. “O homem precisa entender que saúde emocional e física caminham juntas. E que pedir ajuda não tira sua masculinidade pelo contrário, fortalece.”
Para conhecer mais sobre o trabalho da psicóloga Vanesa Bagio, obter dicas sobre saúde emocional ou agendar uma consulta, o contato pode ser feito pelo Instagram @vanesabagio.psi ou no consultório localizado no Edifício Cidade das Colinas – Rua João Ramiro Machado, 321, Sala 6, Centro, Orleans.
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