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Esquema de compra de votos em Laguna: Polícia Civil conclui inquérito e indicia 14 pessoas

Entrevista com o delegado Bruno Pereira Fernandes detalha a investigação que resultou em 14 indiciados e movimentação de mais de R$ 2 milhões

Por Rádio Guarujá28/04/2025 13h51
Foto/PCSC

Um inquérito policial conduzido pela Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Laguna revelou a existência de um esquema de possível compra de votos envolvendo pré-candidatos e apoiadores políticos durante o período pré-eleitoral de 2024. A investigação, realizada em conjunto com a Justiça Eleitoral, teve início após denúncias anônimas que apontaram movimentações suspeitas em um imóvel rural. O sítio, localizado em Pescaria Brava, município vizinho a Laguna, teria sido utilizado como base para ações eleitorais, com o objetivo de arrecadar e distribuir grandes quantias de dinheiro para a compra de apoio político e votos.

De acordo com o relatório da investigação, valores superiores a R$ 2 milhões teriam sido movimentados durante o período, com o objetivo de influenciar a decisão dos eleitores nas eleições de 2024. Em entrevista ao Jornal da Guarujá, Bruno Pereira Fernandes, delegado responsável pela DIC de Laguna, detalhou os principais desdobramentos da apuração e as dificuldades enfrentadas ao longo do processo.

A apuração teve início nas duas semanas que antecederam as eleições de outubro de 2024, quando as primeiras informações indicaram a utilização de um sítio para a ocultação de valores não declarados, destinados à compra de votos. “Essa apuração começou nas duas semanas que antecederam as eleições, em outubro de 2024, diante das informações de que um sítio estaria sendo utilizado para a ocultação de valores não declarados, que foram usados para a compra de votos”, explicou o delegado Fernandes.

Ele completou, afirmando que após seis meses de investigação, foi possível concluir a apuração. “Após seis meses de apuração, conseguimos encerrar o inquérito e encaminhá-lo ao Ministério Público. Constatamos que valores vultosos, não declarados, foram, de fato, ocultados nesse sítio e usados por alguns candidatos para compra de votos, sempre à margem da lei e sem qualquer tipo de declaração à Justiça Eleitoral.”

Em relação ao sucesso dos pré-candidatos envolvidos no esquema, o delegado explicou que alguns conseguiram alcançar seus objetivos eleitorais, enquanto outros não. “Alguns conseguiram, outros não. O inquérito acabou tomando uma dimensão bastante ampla, apurando no total 55 crimes cometidos pelos envolvidos. Ao final, 14 pessoas foram indiciadas”, afirmou.

Eixos de atuação 

Os três principais eixos identificados pela investigação foram: o primeiro envolvia a captação de recursos financeiros não declarados, que, em sua maioria, seriam provenientes de empresas interessadas em contratos administrativos com o município de Laguna. O segundo eixo se referia à própria compra de votos, realizada por meio da distribuição de recursos. O terceiro eixo, mais específico, envolvia um dos investigados, que possuía uma empresa de terraplanagem. Esse investigado se valia de sua empresa para fornecer caminhões de brita, aterro e areia a eleitores, como uma forma de “doação” em troca de apoio político.

“O fornecimento de caminhões de brita, de aterro, de areia foi bastante evidente. No final, ao menos 30 condutas de fornecimento para eleitores e comunidades foram registradas”, detalhou o delegado.

Bruno Pereira Fernandes também falou sobre os desafios enfrentados pela DIC durante a investigação. Segundo ele, a fase mais difícil foi a análise de dados extraídos dos celulares apreendidos. “A fase mais difícil foi a própria análise, especialmente porque a quase totalidade das mensagens nos celulares já havia sido apagada pelos investigados. Isso exigiu um trabalho árduo dos policiais para encontrar os telefones celulares que poderiam conter elementos probatórios”, explicou Fernandes.

Ele destacou que, apesar das dificuldades, a equipe da DIC conseguiu montar um “quebra-cabeça”. “Foi um trabalho de quebra-cabeça. Com alguns telefones, conseguimos entender o contexto geral e expandir a investigação, o que envolveu ainda mais pessoas no processo”, afirmou.

Obstrução 

Quando questionado sobre possíveis tentativas de obstrução da investigação, o delegado afirmou que, embora haja resistência por parte dos envolvidos, isso não comprometeu o andamento das apurações. “Tentativa sempre há, né? Sempre há essa irresignação por parte de alguns candidatos ou algo nesse sentido, mas nada que tenha colocado em cheque o trabalho da Polícia Civil. Nossa atuação é técnica e imparcial, e todos sabem disso”, afirmou.

Encaminhamento ao Ministério Público 

Agora, com as provas em mãos, o caso foi encaminhado ao Ministério Público. “As provas já foram encaminhadas ao Ministério Público com atuação na área eleitoral. Faz uma semana que os relatórios foram enviados, e o Ministério Público. Como o caso é bastante volumoso, ainda não temos uma posição final”, explicou o delegado Fernandes.

Bruno Fernandes finalizou a entrevista destacando a importância da atuação contínua da Polícia Civil no combate à corrupção e à fraude eleitoral. “Infelizmente, é um problema crônico em Laguna, basta analisar outras operações como a “Operação Seival” fase 1 e fase 2. Alguns se valem da vulnerabilidade de parte da população para permanecer no poder. Mas, a Polícia Civil, nos municípios onde não há Polícia Federal, está atenta, e sempre estará de olho”, afirmou o delegado. Ele também ressaltou que a corrupção eleitoral é um crime grave e que as autoridades continuarão a investigar e responsabilizar aqueles que tentam burlar o processo democrático.

Confira entrevista completa

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