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Brasil ocupa 4º lugar no ranking mundial de acidentes de trabalho. Entrevista com o engenheiro de segurança do trabalho, Gustavo Guimarães

Por Rádio Guarujá07/03/2025 11h52
Foto/Banco de imagens – Freepek.com

Na manhã desta sexta-feira, 6, o Jornal da Guarujá conversou com o engenheiro de segurança do trabalho do SESI, Gustavo Martins Guimarães, sobre a realidade dos acidentes de trabalho no Brasil e na região. O país ocupa a preocupante quarta posição mundial nesse ranking, ficando atrás apenas de China, Índia e Indonésia, países onde a fiscalização é considerada mais deficiente.

De acordo com dados de 2023, cinco a cada mil trabalhadores sofreram acidentes de trabalho, resultando em quase 500 mil ocorrências registradas. Dessas, aproximadamente 2.800 foram fatais. Os números evidenciam a gravidade da situação: no Brasil, a cada três horas e meia, um trabalhador perde a vida em seu ambiente de trabalho, e a cada 48 segundos, um acidente é registrado.

Além do impacto humano, há também um alto custo financeiro. Entre 2012 e 2020, os acidentes de trabalho no país geraram um prejuízo de aproximadamente R$ 120 milhões para a Previdência Social. “Esses custos, no fim, recaem sobre as empresas, que pagam impostos e taxas devido aos índices de acidentalidade”, explicou Gustavo.

Os setores mais afetados por esses acidentes no Brasil são a construção civil, a indústria da transformação (metalúrgica e siderúrgica), o agronegócio, a indústria de alimentos e bebidas e o setor de transporte e logística. As principais vítimas são homens entre 20 e 34 anos, que representam 39% dos acidentados, seguidos por mulheres entre 25 e 34 anos, que compõem 10% dos casos.

Na região Sul, onde a fiscalização é mais rigorosa, o número de acidentes é mais bem documentado. Em outras regiões, como o Norte e o Nordeste, muitos acidentes deixam de ser registrados, dificultando uma análise precisa do problema.

Gustavo destacou que a conscientização sobre a segurança do trabalho e a fiscalização eficiente são essenciais para reverter esse cenário. “Muitas vezes, a segurança do trabalho é vista como custo, quando, na verdade, é um investimento. Se uma empresa não segue as normas, pode enfrentar multas e embargos, que acabam gerando custos ainda maiores.”

O agronegócio também merece atenção especial, pois, apesar de ser uma indústria altamente lucrativa, mantém características familiares, o que dificulta a implementação de medidas de segurança. “É comum ouvir que o avô fazia assim, o pai fazia assim, e a geração seguinte segue do mesmo jeito. Mas é preciso mudar essa cultura”, alertou o engenheiro.

Entre os principais riscos no agronegócio estão a exposição a produtos químicos sem o uso adequado de EPIs, ruídos excessivos de máquinas agrícolas e longas jornadas de trabalho sob o sol, que podem levar ao câncer de pele.

Por fim, Gustavo enfatizou que tanto trabalhadores quanto empregadores precisam compreender a importância da prevenção. “O objetivo é garantir que todos possam exercer suas atividades com segurança e qualidade de vida, evitando prejuízos humanos e financeiros.”

A segurança no trabalho é um desafio que exige compromisso coletivo. Somente com a fiscalização rigorosa e a conscientização de empregadores e trabalhadores será possível reduzir esses números alarmantes e garantir ambientes de trabalho mais seguros em todo o Brasil.

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