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ACII entra na luta contra apostas online e denuncia efeitos devastadores das bets

Por Rádio Guarujá15/12/2025 10h35
Foto/Freepik

As plataformas de apostas online, conhecidas como bets, têm provocado impactos cada vez mais visíveis nas famílias brasileiras. O fácil acesso, a publicidade intensa e a promessa de ganho rápido têm contribuído para o endividamento de famílias, o agravamento de problemas de saúde mental e a perda de produtividade no trabalho. O vício em jogos eletrônicos, antes restrito a grupos específicos, hoje se espalha de forma acelerada e já é tratado por especialistas e entidades como um problema de saúde pública e econômica.

A Associação Empresarial de Içara (ACII) aderiu, na última terça-feira (9), ao movimento que defende a restrição severa da publicidade das chamadas bets no Brasil. O manifesto reúne mais de 200 entidades empresariais de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná e reconhece os impactos crescentes do vício em jogos eletrônicos sobre famílias, trabalhadores e o setor produtivo.

O CREMERS (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul) tem alertado para danos graves à saúde pública, que já atingem proporções de epidemia. Os impactos aparecem principalmente na saúde mental, no aumento da violência doméstica e em casos de suicídio de pessoas que não conseguem lidar com as dívidas geradas pelos jogos online. Entidades empresariais também relatam prejuízos causados por funcionários viciados em apostas que se envolvem com crimes para sustentar o vício. Além disso, há preocupação com o futuro econômico do país, já que grande parte do dinheiro apostado acaba sendo transferida para plataformas sediadas fora do Brasil.

Sobre o tema, o Jornal da Guarujá conversou na manhã desta segunda-feira (15) com o presidente da ACII, Reginaldo Borges Fernandes. Segundo ele, a decisão de aderir ao movimento ocorre diante das consequências sociais e econômicas já observadas. “Nós entendemos que hoje os jogos de azar estão trazendo uma desgraça para as famílias brasileiras e, em consequência, afetando o comércio, as indústrias e a população de modo geral”, afirmou.

Reginaldo comparou a situação atual das apostas online com o histórico da publicidade de cigarros no país. Ele concorda com a análise feita recentemente pelo técnico do Flamengo, Felipe Luís, que comparou as bets à propaganda de tabaco no passado. “Nem tudo que é legal ou permissivo é saudável para a população. O cigarro se mostrou um problema de saúde nacional, e hoje nós estamos vivendo um problema sério de saúde mental por causa dos jogos de azar”, destacou.

De acordo com o presidente da ACII, muitas pessoas acabam comprometendo toda a renda familiar com apostas, o que gera endividamento, conflitos e dependência. “As pessoas apostam o próprio salário, o da esposa, da família, a casa, o carro, tudo na tentativa de enriquecer rápido. Isso vira vício, e lá na frente o Estado vai ter que acolher essa demanda”, alertou.

O impacto também já é sentido diretamente pelas empresas. Reginaldo relatou que situações semelhantes têm sido registradas em diferentes regiões, inclusive no Sul do país. “Represento mais de 10.900 CNPJs em Içara e posso garantir que isso não é um caso isolado. Empresários relatam colaboradores endividados e com queda de produtividade por causa do vício em jogos”, afirmou.

Segundo ele, grandes empresas também enfrentam o problema. “A Tramontina, no Rio Grande do Sul, com mais de três mil colaboradores, enfrenta isso diariamente, com reflexos em acordos, ações trabalhistas e na própria produção”, exemplificou.

O presidente da ACII demonstrou preocupação com o futuro do mercado de trabalho diante desse cenário. Para ele, a perda de produtividade e o aumento do vício podem acelerar a substituição de mão de obra humana por máquinas. “Os empresários estão se reinventando. Se o trabalhador não consegue mais sustentar a demanda, a tecnologia acaba ocupando esse espaço, e isso é preocupante”, disse.

Reginaldo também comentou sobre políticas de incentivo social, defendendo que elas não impeçam o trabalhador de buscar emprego. “Sou favorável ao incentivo social, mas ele não pode ser uma blindagem para que a pessoa não trabalhe. Ele deveria ser um complemento de renda, não um impeditivo”, avaliou.

Em relação às bets, o presidente reforçou que a crítica não é à legalidade da atividade, mas à forma como ela é divulgada. “O jogo está regulamentado, é um trabalho lícito. O problema é a publicidade massiva e pouco restritiva, especialmente no futebol, nas rádios, TVs e meios de comunicação. O que defendemos é uma regulamentação mais severa, pelas consequências que as bets já estão trazendo para o mercado de trabalho e para a sociedade”, concluiu.

Confira entrevista completa:

https://www.youtube.com/watch?v=aoXfvdsE1iw 

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