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SC contesta condução da COP11 do tabaco em Genebra

Presidente da Cidasc acompanha debates na Suíça via Embaixada e critica ausência de espaço para parlamentares e produtores

Por Rádio Guarujá19/11/2025 11h21
(Crédito: Sean Gallup/Getty Images)

Uma comitiva composta por parlamentares, representantes do Executivo de municípios produtores de tabaco e entidades da cadeia produtiva do Sul do Brasil está em Genebra, na Suíça, para acompanhar a 11ª Conferência das Partes (COP11) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, que ocorre de 17 a 22 de novembro. A preocupação central do grupo é o impacto que possíveis resoluções podem gerar sobre a produção de tabaco, atividade que sustenta milhares de famílias na região.

Na manhã desta quarta-feira (19), o Jornal da Guarujá conversou com Celles Regina de Mattos, presidente da Cidasc e representante do Governo de Santa Catarina na comitiva. Segundo ela, o principal problema é a falta de participação dos parlamentares brasileiros nas plenárias da COP.

“Não há espaço para o contraditório. Os nossos parlamentares foram impedidos de participar, e isso fere a competência do representante popular”, afirmou. Ela destacou que não há, dentro das discussões, presença de produtores ou de representantes da cadeia produtiva. “O tema envolve saúde, claro, mas também envolve aspectos sociais e ambientais. Mesmo assim, apenas um lado está sendo ouvido.”

A comitiva buscou apoio da Embaixada Brasileira na Suíça. “Hoje pela manhã estivemos com o embaixador Tovar e sua equipe. Ele nos relatou o que já foi discutido e está atuando como interlocutor, já que nossa participação não será permitida nesta COP. Nosso trabalho será integral, mas do lado de fora”, explicou Celles.

Segundo o relato da presidente da Cidasc, o embaixador informou que as decisões da COP “não são vinculantes”, ou seja, são apresentadas como opção aos países. Ainda assim, Celles demonstrou preocupação com a postura do governo federal. “O governo brasileiro enviou posicionamentos favoráveis à redução do consumo de nicotina sem trazer contrapontos relacionados ao produtor rural. Isso nos preocupa muito.”

Entre os pontos debatidos, está uma sugestão de retirada dos filtros de cigarros como forma de desestimular o consumo. Para Celles, a medida pode gerar efeitos contrários. “Isso só abre espaço para o consumo clandestino, onde não existe controle. Enquanto isso, produzimos um tabaco de excelente qualidade, que sustenta cerca de 40 mil famílias em Santa Catarina e gera mais de R$ 3 bilhões ao Estado.”

Ela reforça que a COP discute a diminuição do consumo de nicotina, mas não aborda os efeitos econômicos e sociais sobre quem produz. “Ninguém aqui é a favor do consumo. Mas o Brasil não pode ser o boi de piranha: parar de produzir enquanto o resto do mundo segue exportando e consumindo.”

Celles também avalia que as campanhas globais de redução do consumo não têm alcançado os resultados esperados. “As pessoas continuam fumando, e o mundo agora inclusive se volta à nicotina sintética, que algumas pesquisas apontam ser ainda pior. O Ministério não trouxe nenhum estudo de impacto econômico. É uma discussão unilateral.”

Para ela, qualquer transição precisa ser planejada e não pode ignorar milhares de famílias que dependem da cultura. “Não se abolirá uma atividade que sustenta produtores e que muitas vezes têm mais proteção do que em outras culturas sem se discutir políticas para os agricultores. Não será tirando a comida do prato de um dia para o outro que isso acontecerá.”

Celles finaliza reforçando que nem ela nem o Governo do Estado fazem defesa ao consumo. “É um tema de saúde, sim. Mas é também um tema social. E essa comitiva está aqui para garantir que o produtor rural seja respeitado.”

Confira entrevista completa

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